A evolução do território de Alenquer e as suas circunstâncias presentes

A vila de Alenquer tem na sua paisagem uma das suas qualidades mais reconhecidas, que em muito se deve à morfologia do seu território e à forma como foi ocupado.
A Vila Alta, formada pelas colinas do castelo e S. Francisco, liga-se ao rio pela Calçada Francisco Carmo, até ao Espírito Santo, e pela Calçada Damião de Góis, até ao Areal. Daqui e do bairro de Triana se partiu para a ocupação das margens do rio, preenchendo o vale até meio das suas encostas, onde passam a variante e a estrada nacional. Uma delimitação perfeitamente adaptada à forma do território, em que a orla verde acima daquelas vias circundantes era apenas quebrada notavelmente pelo seu núcleo fundador.
Recentemente quebrada também pela construção de vivendas e prédios de habitação, cujo clamoroso insucesso comercial parece penalizar a ousadia de ultrapassar aquelas linhas ‘sagradas’.
A Vila Baixa cresceu impulsionada pela indústria, que lhe trouxe grande vitalidade económica. A Rua de Triana veio a adquirir o estatuto de via eminentemente comercial, antes mesmo do preenchimento do sul da vila.
Nos anos 40, novas avenidas nas margens do rio, cujo trajecto foi então regularizado, consolidaram a implantação da Vila Baixa. Estas novas vias, pontuadas com amplos largos, acentuaram o paralelismo entre a parte baixa da vila e o seu elemento natural estruturante, e lançaram a sua expansão até à estrada nacional, que se prolongaria para além dela e nas suas beiras, ligando-se a ocupações já ali existentes.
Há pouco tempo, foi feito novo arranjo das margens do rio, com algumas correcções, e foram colocados passeios em seu torno. Assim se criou um circuito de passeio espaçoso e confortável, que as pessoas visivelmente usam e apreciam, tanto mais que todas as vias principais da baixa da vila  – incluindo os largos – estão afectadas ao trânsito automóvel.
A tradição da Rua de Triana chegou aos nossos dias mas, nas últimas décadas, ao mesmo tempo que se debatia o seu encerramento ao trânsito, uma grande concentração de estabelecimentos junto ao Mercado Municipal veio igualá-la – e talvez mesmo superá-la – como principal pólo comercial. Uma ocorrência a que não será estranha a maior disponibilidade de estacionamento desta zona.
Também os bairros históricos da Vila Alta e do Areal, de malhas apertadas e com pouco espaço para estacionar, perderam vitalidade ao não estarem adaptadas ao novo estilo de vida baseado no automóvel. Mantiveram-se, contudo, razoavelmente atractivos ao mercado habitacional, menos exigente no espaço de estacionamento, apesar da grande oferta disponível em muitos novos prédios na vila e em inúmeras novas urbanizações nas suas franjas e imediações.
Nas últimas duas décadas, também a proliferação de grandes superfícies comerciais na periferia veio concorrer ferozmente com a oferta da vila, levando dela fluxos de pessoas e actividade económica.
As páginas seguintes apresentam dados actuais sobre dinâmicas de ocupação de Alenquer, e sobretudo do espaço público da Vila Baixa: dados sobre os estabelecimentos, a circulação rodoviária, o estacionamento e também os índices de atractividade territorial de cada uma das suas zonas.
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Localização de estabelecimentos e fluxos de pessoas



O primeiro centro de Alenquer, a Vila Alta, liga-se ao rio pelas calçadas Francisco Carmo e Damião de Góis desde os tempos medievais.
A margem de Triana era já ocupada nesta época. A maior disponibilidade de área plana não será estranha ao incremento da importância relativa deste lado do rio ao longo dos séculos, passando a ser o mais movimentado, como continua a verificar-se.
Neste lado de Triana, vemos que a ocupação se estrutura sobre dois corredores paralelos:
Um deles (a Av. 25 de Abril) corre ao lado do rio e data das grandes obras dos anos 40.
O outro, interior, apesar de já largamente renovado, é notoriamente mais antigo, como testemunham ainda alguns dos seus edifícios. A sua secção a norte, a Rua de Triana, terá mais de 200 anos de existência, enquanto a sua continuação a sul, a Rua Sacadura Cabral (antes chamada Rua das Hortas), não terá menos de 100.
Portanto, nesta margem do rio, até à construção das avenidas marginais, a vila era estruturada num só corredor, que era naturalmente o lugar de fixação preferencial do comércio.
A construção do corredor ribeirinho abriu novas possibilidades de localização, que foram desde então preenchidas de edifícios.
Um deles, o Mercado Municipal, quer pela sua natureza quer pelo espaço contíguo que foi destinado ao seu serviço, tornou-se uma polaridade importante para a instalação de outros estabelecimentos comerciais e de serviços naquela zona.
Mas se o sul conquistou atractividade ao norte, talvez mesmo ultrapassando-o, o corredor ribeirinho manteve-se muito abaixo do corredor interior na concentração de estabelecimentos. 
Também a então nova via ribeirinha do outro lado do rio (a Av. dos Bombeiros) não se aproxima daquele nível de concentração.


Localização, tipo e frequência (estimada) de estabelecimentos



























A frequência dos estabelecimentos reflecte-se nos fluxos de pessoas das ruas que os servem.
Se aceitarmos as frequências médias estimadas no mapa, podemos também estimar as frequências médias de pessoas nas ruas, que sejam directamente imputáveis aos estabelecimentos. Como há ruas maiores e menores, e para termos uma leitura da densidade daqueles fluxos, a frequência é calculada por cada secção de 100 metros de eixo maior de cada via.
Analisamos apenas a Vila Baixa, onde estes estão mais concentrados. A delimitação que fazemos é semelhante à que consta do regulamento municipal do estacionamento, entre o Largo Rainha Santa Isabel e a estrada nacional, incluindo, do outro lado do rio, a Av. dos Bombeiros e o Largo do Espírito Santo.
Mas incluímos nesta análise o Areal e a Av. Jaime Ferreira. Embora fiquem fora deste perímetro, servem-no com a sua disponibilidade de estacionamento, podendo os estabelecimentos ali localizados ter surgido ou beneficiar desta relação.
Perante a localização dos estabelecimentos de Alenquer, que antes apreciámos, não é já surpreendente que as maiores densidades de frequência das ruas se encontrem no corredor interior do lado de Triana, onde se observa ainda a preponderância do largo junto ao mercado e do Largo Rainha Santa Isabel.

Frequência de pessoas nas ruas decorrente das frequências estimadas dos estabelecimentos
























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Circulação rodoviária


Alenquer tem dois acessos principais: a EN-1, que a liga ao sul e ao norte, e a EN-9, saída da primeira, na direcção oeste. Cada uma destas vias, ao chegar à vila, tem, entre outras ligações de menor importância, uma entrada que conduz à Vila Alta e outra que conduz à Vila Baixa, antes de se encontrarem.

Principais acessos rodoviários


























Estas estradas funcionam também como complemento da circulação interna na vila, o que, não sendo uma situação ideal, não levanta no caso de Alenquer especiais problemas. A EN-9 não tem um trânsito suficientemente intenso para que crie transtornos a sua utilização como acesso da Vila Alta e do Areal à Vila Baixa ou à EN-1. Esta, por sua vez, perdeu considerável intensidade de trânsito desde a construção da variante, em 2003, que eliminou a maioria do trânsito de passagem e deixou apenas o acesso a Alenquer e à EN-9.
Outra qualidade que estas vias têm é o facto de não estarem sobrecarregadas de serviço directo a casas e estabelecimentos. Este fenómeno, tão comum à beira de estradas nacionais, constitui um factor de perigo, além do maior congestionamento que sempre produz. Aqui, acontece apenas a sul, ao longo da EN-1, mas ainda assim sem conflitos graves.
A circulação interna na vila tem como elementos essenciais os circuitos na Vila Baixa, a norte e a sul do centro, onde se encontram. Esta é a zona dos estabelecimentos, como já sabemos, e assim a zona de maior intensidade de tráfego rodoviário e procura de estacionamento. Do outro lado do rio, um eixo formado pela Av. dos Bombeiros, o Largo do Espírito Santo e a Rua dos Guerras faz a distribuição do trânsito para a Vila Alta, o Areal e as Paredes (embora as Paredes tenham a EN-1 como acesso preferencial, sobretudo à zona das escolas).

Circulação rodoviária interna


























Olhando a vila apenas na perspectiva da circulação rodoviária, dificilmente se pode imaginar que ela tivesse melhores condições de funcionamento, uma vez que tem ao seu serviço todas as vias existentes.
Na Vila Baixa, quase todas as vias são de sentido único, complementando-se em circuitos, o que constitui um acréscimo de conforto e segurança, embora também um maior consumo de espaço.
O principal centro distribuidor de trânsito é formado pelos largos Palmira Bastos e do Espírito Santo, duas rotundas que se ligam pela principal ponte sobre o rio. O primeiro é o ponto de contacto dos dois circuitos da Vila Baixa.
Também o Largo Rainha Santa Isabel, no topo do circuito norte é um centro importante. Liga-se ao Areal e à Vila Alta, pela ponte ali situada, e recebe o trânsito do acesso à vila pela EN-9, que inclui o proveniente daquelas zonas. Acolhe ainda  o terminal rodoviário.
Refira-se ainda o largo do mercado, no topo do circuito sul, que está no caminho entre a EN-1 e o centro da vila. É também o ponto de maior concentração de lugares de estacionamento da Vila Baixa, o que o faz também muito movimentado.
Apesar de nas horas úteis o tráfego ser intenso na Vila Baixa, e pontualmente sujeito a algum abrandamento, não se verificam congestionamentos significativos. Estes acontecem mais frequentemente por estacionamento abusivo, redutor do espaço ou da visibilidade, do que pela existência de algum ponto crítico resultante do estreitamento das vias ou de algum cruzamento cronicamente difícil.

Perdas de prioridade nos acessos ao centro e nos circuitos internos


























Existem numerosos destes casos, e podem mencionar-se como exemplos os largos já referidos, onde algum do estacionamento existente prejudica a visibilidade dos condutores, provocando abrandamentos decorrentes do perigo associado a essa circunstância.
A falta de visibilidade é um problema comum, que encontramos, por exemplo, nos cruzamentos da EN-9 e no cruzamento na Av. António Maria Jalles, no alto da Rua dos Guerras, problema agravado pela frequente velocidade excessiva do trânsito ali existente.
O estreitamento das vias cria dificuldades na entrada no Areal e na estrada para Santana da Carnota, a partir do Chafariz, prejudicando também os peões; neste último caso, tal como no final da Rua dos Guerras, junto ao Largo do Espírito Santo, os dois sentidos de trânsito fluem um de cada vez. Em outros casos, as vias tornam-se estreitas por causa do estacionamento, como na Rua Sacadura Cabral, em frente às Águas de Alenquer, e na sua perpendicular ali situada. Aqui, como também na Rua Renato Leitão Lourenço, na Vila Alta, o estacionamento ocupa um dos sentidos de trânsito, mais uma vez obrigando a que estes não possam fluir em simultâneo.
É ainda frequente que as vias que servem as escolas e o infantário da Misericórdia se tornem zonas críticas nas horas de ponta, por causa do estacionamento abusivo.
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Circulação de transportes públicos


Os principais percursos de transportes públicos ligam Alenquer ao sul (Carregado, Vila Franca de Xira e Lisboa) e ao oeste (Alto Concelho e Torres Vedras). O parque de estacionamento da empresa Boa Viagem, responsável por estas carreiras de transporte, está situado na Quinta do Bravo e o terminal no Largo Rainha Santa Isabel.
Nas partidas, os autocarros vêm do parque pela EN-1 e entram na vila pela via que os deixa alinhados com a saída que mais convenha em cada caso, pois o Largo Rainha Santa Isabel não tem dimensão suficiente para que ali sejam aconselháveis manobras.
Quando as partidas são para oeste, entram pela Av. 25 de Abril e circulam pelo corredor interior da vila, recolhendo os passageiros na margem nascente daquele largo, partindo depois pela Av. Jaime Ferreira, até à EN-9.
Quando as viagens se dirigem ao sul, fazem o percurso inverso, entrando pela Av. Jaime Ferreira e ficando posicionados para partir nesta direcção, atravessando a vila pela Av. 25 de Abril.
Nas chegadas do oeste, os autocarros descem a Av. Jaime Ferreira, chegando ao terminal, podendo prosseguir pela vila até ao parque. Nas chegadas do sul, a vila é atravessada no sentido oposto até ao terminal, sendo que aqui os motoristas podem inverter o sentido ou regressar ao parque pela Av. Jaime Ferreira, cujo cruzamento neste sentido com a EN-9 é particularmente apertado para veículos desta dimensão.
Assim, verifica-se que só as ligações ao sul usufruem das paragens na vila, ficando as ligações ao oeste resumidas ao terminal.

Circulação de transportes públicos

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Estacionamento na Vila Baixa


A Vila Baixa de Alenquer mantém-se aqui delimitada, mas esta análise inclui também as áreas exteriores que a servem de estacionamento de forma relevante: os parques da Chemina e o Areal e a Av. Jaime Ferreira. As outras zonas da vila ou são demasiado distantes ou têm um grau de privacidade que resulta numa ocupação quase exclusiva pelos respectivos residentes.
Subdivide-se a Vila Baixa em cinco sub-zonas, referenciadas a partir do centro. Assim, temos, além do próprio centro, o norte periférico, o norte, o sul e o sul periférico.

Sub-zonas de estacionamento e número de lugares de acesso geral na Vila Baixa


























Na área aqui considerada, se exceptuarmos o norte periférico, existem 368 lugares gratuitos e 278 lugares pagos, todos eles de acesso geral. Destes 278, há 89 com utilização gratuita pelos moradores. Há ainda 35 lugares reservados exclusivamente aos moradores. Não considerando estes últimos e outro tipo de lugares reservados, o total cifra-se em 646 lugares. Se contarmos com o norte periférico, os lugares gratuitos sobem para 629, e o total para 907.
Dissemos antes que uma maior disponibilidade de estacionamento estaria relacionada com o ganho de polaridade comercial da zona do Mercado Municipal em relação à Rua de Triana. Os dados aqui apresentados parecem contradizer esta conjectura, visto que há uma quase igualdade entre o número de lugares disponíveis nas respectivas zonas: sul (215 lugares) e norte (214).
Mas apesar deste aparente equilíbrio, há factores que corroboram o que antes dissemos:
Um deles é a maior concentração dos lugares da zona sul, pois a zona norte tem cerca de um terço dos seus lugares do outro lado do rio, na Av. dos Bombeiros.
Depois, o acesso do sul periférico ao sul, muito melhor que o equivalente a norte. O norte periférico inclui a Av. Jaime Ferreira, inclinada e com uma atmosfera mais privada à medida que sobe, e o Areal, sem continuidade ambiental e visual, sem espaço para os peões, e que tem o seu grande parque de estacionamento a alguma distância da Vila Baixa.
Finalmente, existe uma maior proporção de estacionamento pago na zona norte. Enquanto na zona sul há 144 lugares gratuitos, na zona norte estes são apenas 46.
Quando da última intervenção nas margens do rio, foi perdida considerável disponibilidade de estacionamento, o que fez com que os novos lugares fossem taxados, como já acontecia no parque da paróquia. Ou seja, o critério para a taxação dos lugares foi o simples facto de terem sido construídos naquela obra, ignorando o seu real valor.
É certo que esta taxação tem um efeito dissuasor na procura de estacionamento na Vila Baixa, afastando dela parte do estacionamento de longa duração. Mas aquele critério é contraproducente na distribuição da procura entre as diversas áreas da Baixa (mapa 8): a pressão aumenta justamente onde ela já naturalmente é maior: no corredor interior da vila e nas praças que o pontuam.
Assim, o estacionamento de longa duração que se mantém na Baixa é empurrado para as áreas de maior concentração de estabelecimentos, onde seria mais adequado situar os lugares pagos, de rotatividade mais elevada.

Taxas de ocupação de zonas de estacionamento da Vila Baixa (dias úteis)


























Portanto, esta distribuição dos lugares pagos inverte em certa medida o próprio efeito positivo da taxação. Além de, como já vimos, não ser equitativa, ao favorecer o acesso aos estabelecimentos do sul da vila.
Na mesma altura, perante a grande diminuição de lugares de estacionamento gratuito na Vila Baixa, procurou-se salvaguardar os moradores.
A troco de uma anuidade, os moradores da Vila Baixa passaram a adquirir o direito à livre utilização de zonas de estacionamento vinculadas à sua área de residência (norte ou sul). Estas zonas compõem-se de secções de estacionamento exclusivo (35 lugares no total) e de secções de estacionamento não-exclusivo (89 lugares no total).
Os lugares exclusivos foram quase todos localizados em nichos já existentes nas zonas centrais. Já na localização dos lugares não-exclusivos, foram escolhidas as zonas de menor procura entre os lugares pagos: ao mesmo tempo que os moradores eram afastados das concentrações de estabelecimentos, teriam maior garantia de encontrar um lugar vago, pois não sendo estes exclusivos, seriam os menos utilizados pelos visitantes.

Estacionamento livre, pago e reservado a moradores na Vila Baixa


























Se a opção fosse situar os lugares de moradores todos nas zonas centrais, estas ficariam menos disponíveis para os visitantes dos estabelecimentos, o que seria eventualmente pior. Contudo, não deixa de se assinalar que afastar o estacionamento dos moradores das suas casas é um prejuízo também, que pode afectar negativamente os mercados imobiliário e do arrendamento na Vila Baixa, já que a disponibilidade de estacionamento é um importante factor de decisão nestes negócios.
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IAT: atractividade do território


Para um alenquerense, não seriam necessários quaisquer levantamentos ou cálculos para pintar um mapa de atractividade da vila, bastando-lhe as impressões da sua observação. Este não apresenta pois qualquer surpresa para os nativos, representando apenas o seu senso comum.
A Vila Baixa destaca-se do seu entorno como zona mais atractiva, sem que se encontrem fortes polaridades internas. Nela, o lado de Santo Estêvão é menos atractivo que o de Triana, com a excepção da zona das esplanadas, no Largo do Espírito Santo, que tem o índice mais alto entre as 104 zonas analisadas.
Fora desta área, só o largo da câmara polariza uma atractividade relevante, tendo as restantes zonas analisadas índices bastante mais baixos.

IAT: atractividade


























A atractividade é, mais que uma qualidade intrínseca do território, uma noção subjectiva das pessoas e das comunidades, resultante de uma infinidade de factores que se articulam,  inter-adaptam e relacionam de formas nem sempre fáceis de compreender ou controlar.
Isto torna-se mais claro quando um mesmo território, mesmo evoluindo nas suas características, se torna menos atractivo, porque as pessoas mudam de expectativas ou porque outros territórios os suplantam.
A efectiva atracção de pessoas faz pois parte da atractividade dos territórios, reflectindo-se nos seus índices. E, nesse aspecto, a vila no seu conjunto tem sofrido visíveis perdas devidas ao fenómeno da suburbanização, com prejuízo do seu tecido económico, do estado do seu edificado e da vitalidade dos seus laços sociais.
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IAT: conforto


Sendo o conforto um dos índices que compõe o índice de atractividade de um território, é o mais independente dos outros, visto ser o único que não depende directamente da ocupação mas apenas das características do meio.
Por isso, é natural que, de entre os mapas dos quatro índices sectoriais que distinguimos, o mapa do conforto seja aquele que se encontra mais desfasado do mapa da atractividade, como confirmaremos nas páginas seguintes.
Por um lado, isto significa que existem zonas confortáveis que não são atractivas, pois não têm muita actividade apesar de terem bons padrões de conforto (protecção climática, regularidade do terreno, espaço pedonal, ausência de ruído ou poluição atmosférica). Isto vocaciona estas zonas para ocupações mais tranquilas ou privadas, como o lazer e a habitação.
Mas, por outro lado, significa que existem em Alenquer – concretamente na Vila Baixa – zonas atractivas mas desconfortáveis, o que já não é de todo um dado positivo.

IAT: conforto


























No mapa, nota-se que o corredor interior formado pela Rua de Triana e a Rua Sacadura Cabral, apresenta, na maioria da sua extensão, níveis bastante mais baixos que os seus paralelos nas margens do rio. O que se deve ao arejamento e à paisagem das vias ribeirinhas, mas também em larga medida às recentes obras de requalificação a que estas foram sujeitas.
Excepções ao desfasamento entre o conforto e a atractividade são as estradas nacionais, onde ambos os índices são baixíssimos. O índice de conforto mais alto é o do Parque Vaz Monteiro.
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IAT: actividade


A actividade é um dos índices que mais colaboram para a atractividade, portanto este mapa não se afasta muito daquele que começámos por apresentar.
Portanto, também o diagnóstico fundamental que fizemos da atractividade se aplica à actividade: ela não é globalmente suficiente para sustentar o funcionamento equilibrado da comunidade, pois devido à suburbanização, tem sido perdida para outros territórios.
A actividade compõe-se de todos os elementos dinâmicos do território (pessoas, estabelecimentos e veículos) e tem um impacto directo no comércio. Assim, ao absorverem clientes do comércio urbano, os hipermercados exaurem de actividade as suas ruas, tornando-as menos atractivas. Sendo menos atractivas, perdem capacidade competitiva para atrair novos negócios – e assim fica gerado um círculo vicioso de perda, que actualmente a vila atravessa.
Apesar disso, existem níveis razoáveis de actividade na Vila Baixa, sobretudo nos grandes largos e no corredor interior, que se estendem às imediações das pontes do outro lado do rio. O índice mais alto encontra-se no Largo Rainha Santa Isabel e na Rua Sacadura Cabral, junto ao mercado.

IAT: actividade


























Também a Vila Alta mantém no largo da câmara um pólo de actividade, apesar de ter vindo a perder comércio e serviços nas últimas décadas. Perda devida à insuficiência dos edifícios, em alguns casos, mas principalmente à falta de espaço de estacionamento – critério fundamental da era automóvel, ainda mais premente nas zonas de difícil acesso para peões.
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IAT: integração


O espaço púbico começa por definir-se por ser de propriedade e uso público, mas esse é apenas o princípio. A prática quotidiana encarrega-se de eleger os espaços que são públicos não por estatuto mas porque as pessoas os concebem dessa forma, ao sentirem neles uma efectiva igualdade no direito ao espaço.
O espaço integrador é facilitador da interactividade e da integração social, e tem além daquela identidade, ou como parte dela, vida própria e hábitos sociais representativos da comunidade. Por isso, também na integração dos espaços existe o impacto negativo da perda de actividade.
Neste mapa, mais que em qualquer outro, é visível o contorno da Vila Baixa tal qual é tradicionalmente definida, entre a entrada da Rua Serpa Pinto e o Largo do Espírito Santo e entre o Largo Rainha Santa Isabel e a EN-1. Ou seja, a área mais integradora compõe-se do corredor comercial da vila e das margens percorríveis do rio, onde se situa a grande maioria dos estabelecimentos – locais que, pela sua natureza e arquitectura, são promotores do espaço público exterior, ao mesmo tempo que o continuam para dentro do edificado.

IAT: integração


























Assinale-se a grande acessibilidade destas zonas, em particular entre elas, desde logo por terem uma grande interpenetração visual. E ainda o dimensionamento das principais vias, em regra mais largas que a média – embora isto se possa dizer mais facilmente do piso rodoviário que do pedonal, que está francamente prejudicado.
O índice mais alto é o da zona das esplanadas, no Largo do Espírito Santo. Fora da Vila Baixa, o único índice razoável é o do largo da câmara.
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IAT: interesse


Falar do interesse de um sítio pode ser falar de muitas coisas diferentes, conforme a sensibilidade de cada pessoa ou o contexto da conversa. Portanto, o que se pode fazer é procurar medir cumulativamente as variáveis susceptíveis de gerar interesse, isto é, de somar todas as qualidades imputáveis aos espaços capazes de despertar a curiosidade e prender a atenção.
Portanto, este índice procura representar a diversidade típica de cada zona, quer no que respeita ao terreno, à paisagem e aos elementos naturais e edificados, quer na ocupação humana com negócios e actividades, incluindo um juízo da qualidade e do valor destes elementos.
Assim se explica que, em comparação com o mapa da atractividade, o mapa do interesse privilegie os locais de maior valor cultural, estético ou artístico e penalize os locais mais padronizados, tanto nos elementos do espaço como nas suas práticas comuns.

IAT: interesse


























Os lugares mais interessantes serão, neste critério, os que conseguirem reunir mais destes factores. Portanto, não basta para que um lugar se considere interessante que tenha um monumento ou um notável conjunto edificado. Até mesmo os turistas, que geralmente transportam doses redobradas de atenção à qualidade do património, podem sentir alguma frustração ao visitar um lugar valioso, mas sem actividade, desligado do palpitar da comunidade a que pertence, como é, por exemplo, a porta existente do castelo de Alenquer.
Na vila, o índice mais elevado é partilhado pelo largo da câmara e pela zona das esplanadas, no Largo do Espírito Santo.