Parece estranho que uma comunidade dedique tanto do seu esforço e dos seus recursos ao território onde vive e, ao mesmo tempo, permita que este se encha de disfuncionalidades.
Mas, se as disputas ideológicas e de interesses podem originar guerras civis, mais facilmente a incapacidade de entendimento se reflecte numa área onde, por maiores que sejam os problemas, não são questões de vida ou de morte.
Não é difícil supor que agradará à maioria das pessoas a ideia de passearem entre as lojas, despreocupadamente com as suas crianças, poderem sentar-se num banco a ler o jornal ou conversar com algum amigo que encontrem, sem a preocupação de se desviarem do trânsito ou de barrarem o caminho às outras que passam.
São coisas simples, básicas da vida urbana, que em Alenquer não fomos suficientemente inteligentes para merecer. Mais que reconhecê-lo e lamentá-lo, será contudo útil que as construamos; que as ofereçamos a nós próprios e a quem nos suceda.
É tempo de as políticas do território voltarem ao que sempre foram: um elo entre gerações no que elas têm de melhor – a generosidade de quem constrói para os outros e o reconhecimento destes, que guardarão aquilo a que mais derem valor.
E é tempo porque nas últimas décadas as políticas do território permitiram e incentivaram que este fosse colocado no mercado como se fosse um bem industrial, produzido em série numa fábrica e regulado pelas mesmas leis económicas, com uma única finalidade: ganhar dinheiro o quanto antes, independentemente das consequências distantes.
Acontece que o território não é um bem industrial, e por isso todas as outras dimensões que tem se perderam ou foram prejudicadas, nomeadamente a qualidade e a importância do espaço público.
Se quisermos valorizar a comunidade, criando um mínimo de auto-suficiência e auto-estima colectiva que nos defendam das crises, temos de saber distinguir duas coisas: uma são políticas que valorizam o bem-estar das pessoas e os negócios e actividades locais, outra bem diferente são investimentos e negócios agressivos, que desprezam o futuro, colocando-se à porta das comunidades, onde não querem integrar-se, apenas para as explorar.
A cultura suburbana, caracterizada pela dependência do automóvel, pelas urbanizações e pelos hipermercados, sustentada na macroeconomia e no crédito, orientou as políticas do tempo das ‘vacas gordas’. Uma política insustentável, dependente do crescimento contínuo, que criou graves prejuízos nas comunidades locais.
Prejuízos sociais e identitários, ambientais e económicos, que hoje se revelam passado que foi esse período. O progresso das últimas décadas não precisava de ter causado tantos problemas para o futuro e lamenta-se que o tenha feito, mas agora não resta outra alternativa senão enfrentar as dificuldades então criadas.
A lição que daqui pode tirar-se é que nunca um período de prosperidade se deve considerar eterno, comprometendo nele bens insubstituíveis como o território, que ficou com as marcas do que então se fez como um salão desarrumado e sujo após uma noite de festa.
Tirada a lição, é tempo de mudar de paradigma e seguir em frente.
Mas, se as disputas ideológicas e de interesses podem originar guerras civis, mais facilmente a incapacidade de entendimento se reflecte numa área onde, por maiores que sejam os problemas, não são questões de vida ou de morte.
Não é difícil supor que agradará à maioria das pessoas a ideia de passearem entre as lojas, despreocupadamente com as suas crianças, poderem sentar-se num banco a ler o jornal ou conversar com algum amigo que encontrem, sem a preocupação de se desviarem do trânsito ou de barrarem o caminho às outras que passam.
São coisas simples, básicas da vida urbana, que em Alenquer não fomos suficientemente inteligentes para merecer. Mais que reconhecê-lo e lamentá-lo, será contudo útil que as construamos; que as ofereçamos a nós próprios e a quem nos suceda.
É tempo de as políticas do território voltarem ao que sempre foram: um elo entre gerações no que elas têm de melhor – a generosidade de quem constrói para os outros e o reconhecimento destes, que guardarão aquilo a que mais derem valor.
E é tempo porque nas últimas décadas as políticas do território permitiram e incentivaram que este fosse colocado no mercado como se fosse um bem industrial, produzido em série numa fábrica e regulado pelas mesmas leis económicas, com uma única finalidade: ganhar dinheiro o quanto antes, independentemente das consequências distantes.
Acontece que o território não é um bem industrial, e por isso todas as outras dimensões que tem se perderam ou foram prejudicadas, nomeadamente a qualidade e a importância do espaço público.
Se quisermos valorizar a comunidade, criando um mínimo de auto-suficiência e auto-estima colectiva que nos defendam das crises, temos de saber distinguir duas coisas: uma são políticas que valorizam o bem-estar das pessoas e os negócios e actividades locais, outra bem diferente são investimentos e negócios agressivos, que desprezam o futuro, colocando-se à porta das comunidades, onde não querem integrar-se, apenas para as explorar.
A cultura suburbana, caracterizada pela dependência do automóvel, pelas urbanizações e pelos hipermercados, sustentada na macroeconomia e no crédito, orientou as políticas do tempo das ‘vacas gordas’. Uma política insustentável, dependente do crescimento contínuo, que criou graves prejuízos nas comunidades locais.
Prejuízos sociais e identitários, ambientais e económicos, que hoje se revelam passado que foi esse período. O progresso das últimas décadas não precisava de ter causado tantos problemas para o futuro e lamenta-se que o tenha feito, mas agora não resta outra alternativa senão enfrentar as dificuldades então criadas.
A lição que daqui pode tirar-se é que nunca um período de prosperidade se deve considerar eterno, comprometendo nele bens insubstituíveis como o território, que ficou com as marcas do que então se fez como um salão desarrumado e sujo após uma noite de festa.
Tirada a lição, é tempo de mudar de paradigma e seguir em frente.